Assédio Moral no Trabalho: Como Identificar, Denunciar e Garantir seus Direitos

Você bem sabe que o ambiente de trabalho deve ser um local seguro e respeitoso, onde os profissionais possam exercer suas funções sem medo ou intimidação. Mas o que acontece é que, infelizmente, o assédio moral no trabalho é uma realidade enfrentada por muitos trabalhadores. Imagine um ambiente cheio de pressões excessivas, humilhações constantes e tratamento discriminatório: essas são algumas das formas mais comuns desse problema, que pode afetar gravemente, a saúde mental e a carreira das vítimas.

Se você já passou ou está passando por essa situação, é essencial saber o que fazer para se proteger e garantir seus direitos. Mas fique despreocupado, por que neste artigo, vamos te contar:

  1. O que é o assédio moral no trabalho e como identificá-lo;
  2. Os impactos do assédio moral na vida do trabalhador;
  3. O que a legislação brasileira diz sobre o tema e quais são seus direitos;
  4. Como reunir provas e denunciar a empresa ou o assediador;
  5. A possibilidade de indenização por assédio moral e como funciona o processo trabalhista.

Fique por aqui, leia até o final e descubra como agir da forma correta para se proteger e buscar seus direitos!


1. O que é assédio moral no trabalho? Como identificá-lo?

O assédio moral no trabalho ocorre quando um trabalhador é exposto a situações humilhantes e constrangedoras de forma repetitiva e prolongada, causando danos emocionais e profissionais. Diferente de uma situação de desentendimento pontual, o assédio moral, tem um caráter contínuo, criando um ambiente hostil para a vítima.

Atenção: essas são as principais formas de assédio moral no trabalho

– Isolamento

Uma situação chata que acontece muito: um gerente proíbe um funcionário de participar de reuniões importantes da equipe sem justificativa. Além disso, ele instrui os colegas a não incluírem a vítima em conversas ou projetos, dificultando seu trabalho e prejudicando sua imagem na empresa.

– Humilhação pública ou privada

Imagine o seguinte: um supervisor ridiculariza um funcionário constantemente em frente aos colegas, fazendo piadas ofensivas sobre sua aparência, sotaque ou habilidades profissionais. O trabalhador passa a evitar interações sociais no trabalho por medo de novas humilhações. Isso é bem característico de assédio moral.

– Ameaças constantes

Uma outra situação que vira e mexe acontece: um chefe pressiona um funcionário diariamente dizendo frases como: “Se você errar de novo, está na rua”, ou “Tenho uma pilha de currículos para substituir você”. A ameaça é repetida constantemente, sem nenhuma justificativa real para a demissão.

– Sobrecarga de tarefas

Veja bem este exemplo: Um trabalhador, recebe um volume de trabalho muito maior do que os colegas do mesmo setor com prazos impossíveis de cumprir. Se ele não conseguir finalizar, é chamado de incompetente e ameaçado de advertências formais.

– Retenção de informações

Você já viu algum caso como esse? Uma assistente administrativa, recebe instruções incompletas sobre um novo sistema da empresa. Quando ela comete erros, seu gestor a culpa e a expõe para toda a equipe, dizendo que ela é desorganizada e incapaz. Esse é outro caso típico, de assédio moral. 

Se você está enfrentando uma dessas situações, tenha calma e não ignore os sinais. O assédio moral pode gerar danos sérios pra sua saúde mental e física.


2. Quais são os impactos do assédio moral na vida do trabalhador?

As consequências do assédio moral, vão além do ambiente profissional. A saúde emocional e física da vítima é diretamente afetada, o que pode levar à problemas graves, como:

  • Depressão e ansiedade: sensação constante de medo, tristeza e desmotivação;
  • Síndrome do pânico e estresse pós-traumático: dificuldade em retornar ao ambiente de trabalho;
  • Problemas físicos: insônia, dores de cabeça frequentes, alterações na pressão arterial;
  • Baixa autoestima e insegurança profissional: dificuldade em confiar na própria capacidade e desempenho;
  • Prejuízos financeiros: afastamento do trabalho e em casos extremos, demissão involuntária.

Por isso, identificar o problema e buscar ajuda rapidamente é essencial pra evitar maiores danos.


3. O que a lei diz sobre assédio moral no trabalho? Quais são os seus direitos?

Entenda bem isso: a legislação brasileira reconhece o assédio moral como uma conduta abusiva e passível de punição. Apesar de não existir uma lei específica federal sobre o tema, diversas normas protegem os trabalhadores, vítimas desta prática.

Princípios da Constituição Federal

A Constituição Brasileira (artigo 1º, inciso III) garante a dignidade da pessoa humana e o direito ao trabalho digno. Além disso, o artigo 5º protege os trabalhadores contra qualquer forma de abuso e discriminação.

CLT e Normas Trabalhistas

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em conjunto com a Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista), prevê punições para condutas que violem o bem-estar do trabalhador. Se o assédio moral for comprovado, a empresa pode ser responsabilizada e obrigada a pagar indenizações.

Responsabilidade da Empresa

Não tem jeito: o empregador, tem o dever de prevenir o assédio moral no ambiente de trabalho. Caso não tome medidas para coibir essas práticas, poderá ser responsabilizado na justiça.

Se você sofre assédio moral, seus direitos garantem que você pode denunciar e buscar reparação.


4. Como reunir provas e denunciar o assédio moral?

E agora, o que fazer se você sofrer assédio moral? Se você está sendo vítima de assédio moral, o primeiro passo para se proteger é coletar provas e buscar apoio legal.

Passo 1: Registre todas as ocorrências

  • Anote datas, horários e detalhes dos episódios de assédio;
  • Guarde e-mails, mensagens e gravações que comprovem, a conduta abusiva;
  • Registre testemunhas que possam confirmar os abusos.

Passo 2: Comunique ao RH ou a CIPA

Nem tudo está perdido: se possível, denuncie a situação internamente para o setor de Recursos Humanos ou a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA). Muitas empresas têm canais específicos para tratar essas questões.

Passo 3: Denuncie ao Ministério Público do Trabalho (MPT)

Caso a empresa não tome providências, denuncie ao MPT. O órgão pode investigar o caso, 

e aplicar penalidades pra empresa.

Este é o passo a passo para denunciar o assédio moral no MPT:

1.        Reúna todas as provas disponíveis

·        E-mails, mensagens no Zap, testemunhas, gravações (se possível e legalmente permitido no seu estado);

·        Relatórios médicos ou psicológicos, caso tenha desenvolvido problemas de saúde por conta do assédio.

2.        Acesse o site do MPT

·        Entre no portal oficial: www.mpt.mp.br.

·        Clique na opção “Denuncie” e siga as instruções.

3.       Preencha o formulário de denúncia

·        Informe seus dados pessoais (se desejar, pode pedir sigilo).

·        Descreva detalhadamente os episódios de assédio, incluindo, datas, horários, locais e nomes envolvidos.

·        Anexe as provas que comprovem os abusos.

4.        Acompanhe o andamento da denúncia

·        O MPT, pode abrir uma investigação contra a empresa e exigir explicações.

·        Caso o órgão identifique irregularidades, pode aplicar multas e obrigar mudanças no ambiente de trabalho.

5.        Se necessário, ingresse com uma ação trabalhista

·        Além da denúncia ao MPT, você pode abrir um processo na Justiça do Trabalho com a ajuda de um advogado.

Passo 4: Procure um advogado especializado

Fique tranquilo e busque ajuda especializada. Um advogado trabalhista pode orientar sobre seus direitos e abrir um processo judicial contra o assediador ou a empresa.


O que fazer se o RH não tomar providências?

Muitas empresas possuem canais internos para denúncias de assédio moral, mas o pior é que nem sempre o setor de Recursos Humanos (RH), age corretamente. Em alguns casos, o RH pode tentar minimizar o problema ou proteger o agressor (especialmente se for um superior ou chefe importante para a empresa).

Se você denunciou o assédio ao RH e nada foi feito, não se desespere e siga direitinho os passos abaixo:

  1. Registre a omissão do RH
    • Envie um e-mail formal reforçando à denúncia, e solicitando um retorno por escrito sobre a investigação.
    • Se a empresa não responder ou se recusar a agir, essa omissão pode ser usada como prova no processo judicial.
  2. Busque apoio em entidades externas
    • Se houver sindicato na sua categoria, informe o que aconteceu e veja se podem intermediar uma solução.
    • Caso sua empresa tenha uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), comunique o assédio e peça orientação.
  3. Denuncie ao Ministério Público do Trabalho (MPT)
    • Se a empresa não resolver a situação, procure diretamente o MPT, que tem autoridade para investigar e punir empresas que permitem assédio moral.

5. Indenização por assédio moral: como funciona o processo trabalhista?

Se o assédio moral for comprovado, o trabalhador pode pedir indenização por danos morais na Justiça do Trabalho.

Como funciona o processo?

  1. Ação trabalhista: com a ajuda de um advogado, o trabalhador entra com um processo na Justiça do Trabalho.
  2. Apresentação de provas: documentos, testemunhas e registros são analisados pelo juiz.
  3. Julgamento e decisão: se for comprovado o assédio, o juiz pode determinar,  indenização ao trabalhador e punição ao empregador.

Valores de indenização

Os valores, variam conforme a gravidade do caso, podendo chegar a centenas de milhares de reais em casos mais graves.

Se você sofre ou sofreu assédio moral, calma que tem jeito: busque seus direitos e exija reparação pelo dano causado.


Conclusão: Você não está sozinho! Busque ajuda e exija seus direitos

O assédio moral no trabalho é uma prática inaceitável e deve ser combatida. Nenhum trabalhador deve aceitar humilhações ou pressões excessivas pois a lei garante a todos,  um ambiente de trabalho digno e respeitoso.Se você está passando por essa situação, denuncie, busque apoio jurídico e proteja sua saúde e sua carreira. Você tem direitos e pode buscar justiça!

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